terça-feira, 20 de maio de 2014
ARTES
Mãos na argila para ampliar perspectivas
Trabalho com o material ajuda a apresentar o universo da produção tridimensional
Wellington Soares (wellington.soares@fvc.org.br). Editado por Ana Ligia Scachetti
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Mais seguros em relação às técnicas, os alunos capricharam nos objetos produzidos
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Nos primeiros contatos com o material, a classe pôde experimentá-lo com toda a liberdade. Marcelo Curia
Mais seguros em relação às técnicas, os alunos capricharam nos objetos produzidos. Marcelo Curia
Mais seguros em relação às técnicas, os alunos capricharam nos objetos produzidos. Marcelo Curia
No primeiro contato que os alunos de Alessandra Menegol Tortelli tiveram com a argila, a reação foi de estranhamento. A professora do 2º ano da EEEF Ismael Chaves Barcellos, em Caxias do Sul, a 137 quilômetros de Porto Alegre, conta que eles compararam o material com a massa de modelar, com a qual já estavam mais acostumados. "Ela não tem cheiro bom como a massinha", disse um. "Ela também é fria e bem mais dura", acrescentou outro.
Enfrentar esse espanto inicial é necessário para ampliar o repertório das crianças e apresentar a elas materiais diversificados e técnicas consagradas. "O trabalho com a argila é importante por ser tridimensional, diferente da pintura e do desenho, linguagens bastante comuns nas escolas", ressalta Rosa Iavelberg, docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Maria Morena Godoy, formadora de professores da Comunidade Educativa Cedac, indica que é possível escolher entre dois focos: dar ênfase à experimentação ou aliar essa ação ao estudo da produção de determinado movimento ou período histórico. Seja qual for o caminho, não se pode deixar o processo criativo de lado. É preciso planejar algum momento em que a turma tenha liberdade de manusear o material e elaborar obras com base na imaginação.
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Alessandra optou por combinar a prática a um estudo sobre a cultura de tribos indígenas da Amazônia que modelam vasos com o barro. Para isso, leu com as crianças uma reportagem que tratava do assunto e apresentou a elas as imagens que ilustravam o texto. "Todas acharam as peças muito bonitas e ficaram empolgadas quando eu disse que desenvolveriam trabalhos no mesmo estilo", conta a docente. Índios habitantes da região em que a escola se localiza produzem vasos semelhantes, que são vendidos nas estradas próximas à aldeia. Por isso, os estudantes já conheciam o material. A técnica usada por essas etnias e aplicada nas aulas que se seguiram se chama acordelado e consiste em moldar o objeto sobrepondo diversos rolinhos (cordões) de argila.
Outras possíveis referências para a turma nesse momento são imagens de esculturas antigas e contemporâneas e obras populares brasileiras. "A produção de um artista específico também pode ser a base de uma proposta desde que o aluno não tenha de fazer uma cópia. A releitura deve dar lugar ao fazer artístico, inspirado pelas peças apresentadas", ressalta Rosa. "Com esses conhecimentos, acrescidos das experimentações, os estudantes começam a compreender a história da Arte de maneira significativa."
Feita a apresentação do tema, Alessandra pediu que cada um trouxesse na aula seguinte meio quilo de argila escolar. Papelarias normalmente fornecem o material já limpo, mas caso ele seja adquirido em olarias é preciso bater a massa para retirar as impurezas (leia outras dicas de manuseio no quadro da página seguinte).
Antes de começar a modelar, os alunos prepararam o ambiente: forraram as mesas com jornais e trouxeram potinhos de água. Por gerar muita sujeira, o ideal é que a atividade não seja feita em sala de aula. A turma de Caxias do Sul ocupou uma cozinha desativada existente na escola, mas ainda assim o esforço da docente foi grande para que tudo ficasse organizado novamente. "Como protegemos a bancada, achei que não haveria muita bagunça. Mas tinha me esquecido do chão, que acabou todo sujo. Poderia ter forrado a sala toda para evitar esse problema."
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